Poderá o novo Mark Zuckeberg surgir de trás das celas da Penitenciária Estadual de San Quentin, na Califórnia? Se depender de Chris Redlitz, um exemplo inspirador, talvez.
Heracio “Ray” Harts matou um homem na frente da casa de amigos em Stockton e ficou 8 anos encarcerado em San Quentin. Por mais determinado que Ray estivesse a deixar a prisão para se tornar um homem melhor, para cuidar de sua esposa e filhos e para contribuir verdadeiramente para a sociedade, ele sabia que o caminho seria longo e árduo. “Eu sentava na minha cela e me preocupava com o meu futuro e também com o futuro de minha família. Eu tinha a certeza de que ninguém jamais me contrataria”, ele lembra.
O rótulo de um ex-condenado é muito difícil de ser mudado e Ray havia visto essa história muitas vezes: outros detentos que saíram, se perderam na vida e voltaram para a prisão.
Contra todas as apostas, 63 dias após ser solto, Ray Harts, possui um estágio remunerado na Rally.org (site de crowdfunding em San Francisco) e está se preparando para fazer um “pitch” de sua ideia de negócio no escritório da Quora (site de perguntas e respostas, editado e organizado por usuários – fundado por dois “ex-facebookers”), em Mountain View.
Voltamos agora para Chris Redlitz, capitalista de risco veterano em San Francisco e criador do programa “Last Mile” – um modelo híbrido de incubadora, curso de ensino prático e também de remodelagem da imagem do sistema penitenciário industrial. Ex-maratonista, Redlitz passou pelos tempos áureos da Reebok, criou seu escritório de VC em 2003 e, em 2011, criou sua própria aceleradora para start-ups voltadas para mídias digitais, a Kicklabs. Algumas empresas que fazem parte de seu portfolio: Domo, Scan, Kiip, Scvngr e o site de letras de hip-hop Rap Genius.
A Last Mile é, com certeza, a aposta mais ousada da Redlitz. O modelo de aceleração é bem parecido com o da Kicklabs, 6 meses de imersão, coaching etc. Praticamente todas as aulas têm participações de gurus de tecnologia, como: Guy Kawasaki, Rafi Syed, Josh Kopelman, Erik Moore e Andy Smith. Isso sem contar com o ícone de hip-hop e grande amigo de Redlitz, MC Hammer. Todos os alunos são estimulados a participar de redes sociais e blogs (com o auxílio do staff da Last Mile, pois muito nem conheciam Facebook!) contando suas experiências, respondendo a perguntas sobre a vida de um ex-presidiário e o que o levou a cometer um crime. A ideia é criar um ambiente de comunicação aberta e sem tabus.
O programa da Last Mile está começando, seu primeiro Demo Day contou com uma audiência de mais de 40 profissionais de tecnologia e capitalistas de risco. A missão é proporcionar treinamento ainda na prisão, para que os detentos desenvolvam habilidades que proporcionem a criação de uma empresa ou a obtenção de trabalho quando forem soltos. Redlitz sabe que nem a metade dos participantes se tornarão empreendedores de sucesso, mas espera que, no fim do programa, todos estejam melhores educados e mais confiantes para uma recolocação profissional, agregando valor para a sociedade.


