“Startup Communities” foi um dos livros recomendados pelo professor John Kerry para o workshop “Incubate your Startup” da escola de Continuing Studies de Stanford, que fiz na semana passada. Falarei sobre outros dois livros, “The Silicon Valley Way” e “The Launch Pad”, em outros posts.
O interessante do “Startup Communities” é que aprendemos sobre a criação de um ecossistema de empreendedorismo a partir de relatos de um caso real do “hub” de Boulder, Colorado. A cidade, com menos de 100.000 habitantes, possui uma das maiores densidades empreendedoriais do mundo. O autor, Brad Feld, define densidade empreendorial como = (quantidade de empreendedores + quantidade de pessoas trabalhando em startups) / população adulta. O próprio autor foi um dos provocadores dessa história, provando de fato que você não precisa se mudar para o Vale do Silício para lançar o seu negócio e que o movimento de criação de centros de empreendedorismo precisa ser liderado pelos próprios empreendedores. Ninguém, além deles, poderá liderar a criação de um hub.
Governo? Aceleradoras? Investidores? Universidades?
Todos esses agentes, historicamente, tentam ser os líderes do desenvolvimento da sua comunidade local de startups. Eles são importantíssimos, mas como alimentadores da cadeia, não líderes dela. Isso porque cada um desses participantes possui sua agenda particular: eleições de 4 em 4 anos, concorrências, leis, motivações individuais etc. Além disso, as economias giram em ciclos: crescem, atingem o seu pico, declinam, ressurgem, crescem, pico, declínio….Portanto, os interesses mudam. A visão dos empreendedores precisa ser de longo prazo e isso significa que aqueles que persistirem passarão por alguns ciclos – moderados e severos, inclusive – durante a existência de sua empresa.
O que é necessário para a criação de uma “Startup Community”?
1) A concentração geográfica de Startups permite uma melhor economia de escala, ou seja, empresas que compartilham uma área comum dividem os custos de recursos externos como infraestrutura e advogados. O “efeito de rede” ocorre em sistemas onde a adição de um membro agrega valor para os usuários existentes. Uma área com 10 bons programadores é um bom banco de talentos para uma startup. No entanto, 1.000 bons programadores adicionais na mesma área, compartilhando as melhores práticas, inspirando outros ou iniciando novas startups é ainda mais fantástico. Portanto, economias de escala externas melhoram certos custos; enquanto, os “efeitos de rede” valorizam o espaço onde as startups estão inseridas.
2) O segundo ponto tem a ver com as “redes horizontais”. Um exemplo maravilhoso é a cultura do Vale do Silício que abraçou a troca de informação horizontal entre empresas e a mobilidade de mão de obra. Como a tecnologia em constante mudança, as empresas do Vale estão melhores posicionadas para se adaptarem a novas tendências.
3) Por último, e para mim, a melhor explicação vem da geografia e da ligação entre inovação e indivíduos da “classe-criativa”. A classe criativa é composta por empreendedores, engenheiros, professores e artistas que criam “novas formas com significado e valor”. São pessoas que querem viver em lugares agradáveis, que apreciam uma cultura com tolerância para novas ideias e também para o esquisito e bizarro e, principalmente, que querem ficar perto de outros indivíduos criativos.
Um conceito interessante que o livro reforça é o de que não existe um líder entre os líderes, ou seja, nenhuma startup ou empreendedor lidera o movimento. Quanto mais solta e ampla for essa rede de pessoas e empresas, melhor. Nada de votos, hierarquias ou títulos. Todos são bem-vindos!

Muito bom e esclarecedor o post. Parabéns